2.3.07

Notas de um Escândalo - Richard Eyre

Após o recesso de fevereiro, decidi voltar a postar no blog. Meu trabalho me mata, me estressa, e não me possibilita escrever mais do que uma ou duas frases. Escrever sobre cinema é unir o útil ao agradável: relaxo e exercito meu texto, que anda mesmo muito enferrujado.

Retorno então com Notas de um Escândalo, filme que possui exatamente o tipo de argumento que me agrada - por ser ininterruptamente incômodo. Judi Dench é Barbara Covett, uma professora de História rabugenta e solitária, que trabalha em um colégio na periferia de Londres. Cate Blanchett é Sheba Hart, a nova professora de Artes da escola. Linda, carismática e absolutamente vulnerável, Sheba chama a antenção de Barbara de forma... digamos... bizarra. Quando ela se envolve com um aluno de 15 anos, começa um jogo de resistência entre as duas. Uma precisa guardar o segredo do relacionamento com o adolescente, enquanto a outra se aproveita da situação para conseguir o que deseja. E é aí que o filme ganha força.

Já seria forte um filme no qual uma mulher madura transa com um menino de sardas (com direito a cena de sexo oral e tudo). Agora, quando há uma senhora idosa apaixonada por essa mulher e tentando a todo custo uma aproximação, tudo se torna ainda mais interessante.

Assim com em A Bela do Palco, o diretor Richard Eyre utiliza a melancolia e conflitos internos dos personagens como principal trunfo do filme. Para isso, conta com a interpretação dos atores. Não é para menos que as duas protagonistas receberam indicações para o Oscar (dame Judi para Melhor Atriz e Cate para Atriz Coadjuvante). Judi Dench, em especial, consegue transmitir toda a complexidade da professora quase-psicopata. Grande parte do mérito do filme, inclusive, se deve à narração de Barbara, que anota todas as suas impressões em um diário cheio de um humor muito do mal - tão do mal que até eu tive vergonha de rir em alguns momentos.

As outras duas indicações ao Oscar foram lembradas a muito custo. Uma delas foi a de Melhor Trilha Sonora, do praticamente imbatível Philip Glass, que é quase o compositor oficial de Hollywood. E a outra foi de Roteiro Adaptado. Foi Patrick Marber, responsável pelo texto de Perto Demais no teatro, quem transformou o livro homônimo de Zöe Heller (ganhador do Pulitzer) em um ótimo filme.

Com tantos nomes interessantes por trás de Notas Sobre um Escândalo, dificilmente o resultado seria menos do que bom. E o filme é realmente muito bom. Só poderia ter acabado alguns segundos antes do desfecho escolhido. Mas isso não é nenhum desmérito, já que a grande maioria dos filmes acaba alguns minutos depois do final ideal, mesmo.

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3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

gabi, fantástico (a palavra do mês) esse texto... me senti compelida a comentar, apesar da preguiça habitual. eu tive uma sensação muito parecida – inclusive com relação ao final – ao ver ontem na tv "o adversário". perverso, como creio que o "notas" seja. no caso do filme da nicole garcia, foi mais uma prova da teoria de que ninguém consegue ser obscuro como os franceses e os russos. e claro, os alemães, mas isso é tema para um comentário três vezes maior.
Le

13:23  
Anonymous Anônimo said...

a única coisa que eu sei é que o andrew se deu muito bem. hehehe.



e, concordando com a lê: fantástico texto.

beijos,
camelie

08:14  
Blogger Gabi Voskelis said...

as amigas são pra isso mesmo... hehe

09:46  

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