12.1.07

Diamante de Sangue - Edward Zwick


Regra número 1: nunca chegar empolgado demais numa sala de cinema. Isso acaba em decepção na grande maioria das vezes. Pois bem, ignorei a regra e fui bem feliz assistir a Diamante de Sangue. Esperava mais.

O filme pretende ser uma denúncia sobre a exploração ilegal de diamantes na Serra Leoa. E de certa forma consegue atingir seus objetivos, não fosse por alguns elementos tão hollywoodianos que aparecem aqui e ali e acabam tirando um pouco o crédito de tudo. O vilão que se redime, o romance impossível, a jornalista que sacrifica a vida em prol da humanidade, blá blá blá... Mas, ignorando esses poréns, Diamante de Sangue acaba por ser ótimo.

Djimon Hounsou é Solomon Vandy, um africano que, em meio ao conflito da guerra civil de 99, perdeu sua família e foi levado como escravo para trabalhar nas minas. Lá, ele encontra um diamante cor-de-rosa do tamanho de um ovo, o esconde e acaba conseguindo fugir. Quando o mercenário Danny Archer (Leonardo DiCaprio) descobre, tenta de tudo para convencer Solomon a lhe contar onde está a pedra. Em troca, ele o ajuda a encontrar sua família. Para isso, eles contam com a ajuda de uma jornalista norte-americana que está na África atrás da matéria de sua vida.

Parece muito clichê, mas Edward Zwick acaba por conduzir a trama de tal forma que as coisas não sejam assim tão óbvias. Então ele faz uso de muitas cenas de violência (não gratuitas) e explora a beleza incomum das cores da miséria na África. Mesmo recurso utilizado, inclusive, em O Último Samurai: utilizar a beleza de um cultura que nos é estranha. E isso dá certo. Tanto é que só no final o desenrolar da história começa a ficar manjado.

É isso que tira um pouco o mérito do filme. Tudo caminhava tão bem, até que as soluções começam a ficar previsíveis, e tem início a sucessão de arrependimentos e mudanças de paradigma dos personagens. Me irrita, mas estou certa de que a Academia vai adorar. Eles não resistem a uma boa redenção no final.

Mas Leonardo DiCaprio realmente surpreendeu. Não que tenha uma atuação maravilhosa. Ele simplesmente faz o que deveria fazer para convencer no personagem. Mas agora parece mais adulto. Perdeu a carinha de menino mimado, engordou... Isso explica muito da comoção em torno do rapaz. Ele está mesmo diferente. Agora, a pergunta que não quer calar: por que diabos ele é o protagonista e Djimon Hounsou é o coadjuvante se o filme começa e termina com Hounson? A lógica do cinemão não cansa de me deixar perplexa.

Momento apenas uma gargalhada no cinema (minha, obviamente): Leo DiCaprio, todo sedutor, pergunta para a moça com quem está dançando, e que não pára com o interrogátório sobre o tráfico de diamantes: "Por que não continuamos essa conversa na sua casa? Aí aproveitamos e vemos o que tem no mini-bar." E ela, bem cínica: "Sou jornalista, já bebi tudo."

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